Cimento branco: o que é e quais as principais aplicações?

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O que é cimento branco?

O cimento branco é mais uma opção a ser usada nas construções modernas. Assim como os demais tipos do produto, esse também possui fama de ser um ótimo material – além do fato de a cor se diferenciar positivamente.

A cor branca é obtida a partir de matérias-primas com baixos teores de óxido de ferro e manganês, em condições especiais durante a fabricação. Para ser considerado um cimento branco, o índice de brancura deve ser maior que 78%.

Não é utilizada argila na fabricação, que é substituída por caulim, também conhecido como caulino, um minério claro, composto de silicatos de alumínio. O tipo branco é menos tóxico que o cinza e não é radioativo.

O cimento branco é dividido em estrutural e não estrutural. O modelo não estrutural, como o próprio nome diz, não é utilizado para fins arquitetônicos. Ele é aquele produto usado para o rejunte de cerâmicas, com o intuito de preencher as fissuras ou espaços entre essas peças, proporcionando melhor acabamento.

Já o cimento branco estrutural é o que será abordado mais profundamente neste artigo. Ao contrário do anterior, o estrutural é voltado para fins estruturais e arquitetônicos, podendo ser utilizado também em vigas e colunas.

Uma das grandes vantagens de usar esse material é a diminuição dos produtos de acabamentos, como massa corrida e pintura. Em função da coloração, o resultado estético é incrível. Além disso, deve-se levar em conta a economia de dinheiro pela não necessidade de complementar o acabamento.

Vale a pena salientar que cimento e concreto são dois conceitos diferentes. Apenas para conhecimento, cimento é aquele pó fino com propriedades ligantes que endurece sob a ação da água. O produto faz parte dos itens que compõem o concreto, juntamente com os agregados graúdos (pedras), agregados miúdos (areia), água e aditivos.

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Ambiente interno de uma residência em que foi usado cimento branco.

 

Quais as principais aplicações do cimento branco?

O cimento branco é versátil e oferece diversas opções em acabamentos e decorações. Nos projetos arquitetônicos, tem como uma das principais aplicações o revestimento. E motivos para isso não faltam.

Além do quesito estético, citado há pouco – que também inclui um acabamento mais fino e delicado –, o produto oferece grandes vantagens em relação à impermeabilidade e à durabilidade. Afinal, a vida útil é maior do que a do restante dos materiais.

Também é possível utilizar o cimento branco em esculturas, fontes, vasos decorativos, bancos e até em abrigos de ônibus. Isso pode ser feito devido à resistência à expansão e à baixa porosidade, que facilitam a manutenção.

Mais um exemplo de uso do cimento branco é em locais que requerem um número maior de detalhes, como em vigas e pilares trabalhados, peças pré-moldadas e, até mesmo, fendas e cortes. Essa aplicação proporciona um ambiente muito mais elegante, mas que não deixa a modernidade de lado.

Outro tipo de aplicação utilizando o cimento branco é em pisos sofisticados, que são feitos a um custo reduzido. Um exemplo é um piso composto pelo material e por pedaços de mármore. São essas ideias, muitas vezes simples, que deixam o ambiente trabalhado com um aspecto incrível.

O material também é muito usado como matéria-prima para o revestimento de pisos e paredes em cimento queimado. Vale ressaltar que ainda oferece a possibilidade de escolha de cores, uma vez que pode ser associado a pigmentos coloridos.

Alguns países europeus já utilizam o cimento branco em pisos de túneis, com o objetivo de garantir maior luminosidade e segurança aos motoristas. E isso é perfeitamente praticável, já que o material oferece grande durabilidade.

Como foi possível perceber, esse material pode ser usado em inúmeros locais. Mas, é preciso atentar-se quanto ao uso em cozinhas e banheiros. Na verdade, não é indicado usá-lo nesses ambientes. Isso porque a massa in natura é muito permeável e pode absorver produtos de limpeza com o passar do tempo.

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Estátua do Papa Pio XII, no centro de Vila Velha (ES). Construída em cimento branco, em 1964, pelo escultor italiano Carlo Crepaz.

 

Quais os outros tipos de cimento existentes?

Existem vários tipos de cimentos existentes no mercado, cada um com determinadas características e voltados para determinadas aplicações. A seguir, você vai conhecer mais especificamente sobre esses tipos e sobre a aplicabilidade de cada um deles.

As informações são baseadas em definições encontradas na NBR, sigla para Norma Brasileira, aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As NBRs são normas estabelecidas de acordo com um consenso entre pesquisadores e profissionais da área.

Cimento CP-I ou Cimento Portland Comum

De acordo com a NBR 5.732, esse é um tipo de cimento Portland sem quaisquer adições além do gesso (utilizado como retardador da pega). O produto é muito adequado para o uso em construções de concreto em geral quando não há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas.

O cimento Portland comum é usado em serviços de construção em geral, quando não são exigidas propriedades especiais do cimento.

Também é oferecido ao mercado o cimento Portland comum com adições CP I-S, com 5% de material pozolânico em massa, recomendado para construções em geral, com as mesmas características. Possui classe de resistência de 25 MPa.

Cimento CP-II ou Cimento Portland Composto

De acordo com a NBR 11.578, é um tipo de cimento modificado, que gera calor em uma velocidade menor do que a gerada pelo cimento Portland comum. Dessa forma, o uso é mais indicado em lançamentos maciços de concreto, nos quais o grande volume da concretagem e a superfície relativamente pequena reduzem a capacidade de resfriamento da massa.

Esse cimento também apresenta melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo. É recomendado para obras correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. Possui classe de resistência de 25, 32 e 40 MPa.

O CP-II é apresentado em três opções:

  1. CP-II E: cimento Portland com adição de escória de alto-forno;
  2. CP-II Z: cimento Portland com adição de material pozolânico;
  3. CP-II F: cimento Portland com adição de material carbonático – fíler.

Cimento CP-III ou Cimento Portland de Alto-forno

De acordo com a NBR 5.735, trata-se de um tipo de cimento que tem na composição de 35% a 70% de escória de alto-forno. O material apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de hidratação. Apresenta, ainda, alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de ser resistente a sulfatos.

É um cimento que pode ter aplicação geral em argamassas de assentamento, revestimento, argamassa armada, de concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado, magro e outras.

Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-massa, tais como: barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos.

Também apresenta vantagens ao ser usado em obras de concreto-massa de esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos. Possui classe de resistência de 25, 32 e 40 MPa.

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São vários os tipos de cimentos existentes, cada um com determinadas particularidades e aplicações.

 

Cimento CP-IV ou Cimento Portland Pozolânico

De acordo com a NBR 5.736, esse tipo de cimento tem na composição de 15% a 50% de material pozolânico. É voltado para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. É especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos.

O concreto feito com esse produto se torna mais impermeável e mais durável, apresentando resistência mecânica à compressão superior a do concreto feito com cimento Portland comum.

O cimento pozolânico apresenta características particulares que favorecem a aplicação em casos de grande volume de concreto, devido ao baixo calor de hidratação. Possui classe de resistência de 25 e 32 MPa.

Cimento CP-V ARI ou Cimento Portland de Alta Resistência Inicial

De acordo com a NBR 5.733, esse tipo de cimento possui valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a um dia de idade, e de 53 MPa aos 28 dias, que superam muito os valores normativos de 14 MPa, 24 MPa e 34 MPa para um, três e sete dias, respectivamente.

O CP-V ARI é recomendado no preparo de concreto e argamassa para produção de artefatos de cimento em indústrias de pequeno e médio porte, como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos, lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-fabricados.

Cimento RS ou Cimento Portland Resistente a Sulfatos

De acordo com NBR 5.737, esse tipo de cimento oferece resistência aos meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e alguns tipos de solo.

O cimento RS pode ser usado em concreto dosado em central, concreto de alto desempenho, obras de recuperação estrutural e industriais, concretos projetado, armado e protendido, elementos pré-moldados de concreto, pisos industriais e pavimentos.

Também pode ser aplicado em argamassa armada, argamassas e concretos submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de tratamento de água e esgotos, obras em regiões litorâneas, subterrâneas e marítimas.

Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC)

De acordo com a NBR 13.116, esse tipo de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento.

O cimento branco é mais resistente?

A resistência do cimento branco estrutural pode ser igual ou até superior a do cimento convencional. Alguns especialistas afirmam que o tipo branco chega a ter resistência até 100% maior do que a do cimento cinza tradicional.

O cimento branco é composto principalmente por material clínquer (mistura de calcário, argila e componentes químicos), diferenciando-se conforme a adição de outros materiais. Isso pode impactar positivamente as características e propriedades de resistência, trabalhabilidade, durabilidade e impermeabilidade.

Esses outros materiais seriam:

  • Gesso: aumenta o tempo de pega;
  • Escória: aumenta a durabilidade na presença de sulfato;
  • Argila pozolânica: confere maior impermeabilidade ao concreto.

Em contrapartida, esse tipo é mais caro que o cinza, em média 60%. Mas a utilização permite certa economia em outras fases da obra, devido a não necessidade, por exemplo, de utilizar massa corrida e pintura no acabamento de um ambiente.

Em uma estrutura concretada aparente com acabamento claro, ainda existe a vantagem do conforto térmico, visto que esse tipo de concreto reflete a luz solar com maior eficiência e mantém a temperatura da superfície mais próxima a do ambiente.

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O prédio da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre (RS). Projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, é a maior obra em concreto branco estrutural do Brasil.

 

Caso você tenha alguma dúvida ou outra informação sobre o cimento branco e as principais aplicações desse material, compartilhe com a gente nos comentários. E continue seguindo nossas publicações para ficar ainda mais por dentro dos assuntos relacionados à construção civil.

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