Quais normas estão associadas ao uso de concreto?

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Para o antigo presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo Safady Simão: “A CBIC entende que é fundamental a utilização de um conjunto de normas para assegurar a conformidade de todo o setor, reduzindo fragilidades técnicas e garantindo qualidade, segurança, conforto e sustentabilidade aos empreendimentos”.

Nesse sentido, órgãos como a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura) recebem, no Brasil, a incumbência de determinar, além das normas que regem a utilização do concreto, todos os procedimentos referentes à construção civil.

Com relação à ABNT, as normas são elaboradas por comissões com representação da sociedade civil, produtores, além de instituições, como universidades, escolas técnicas, laboratórios, entre outras.

O DNIT é um órgão federal cuja função é zelar pela conservação, potencialização, fiscalização e criação de grupos de estudo com o objetivo de aprimorar os processos técnicos relacionados ao tráfego de veículos, tanto na terra como em ambiente aquático.

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Antiga DNER, o DNIT, juntamente com as suas comissões, define, entre outras coisas, as normas para a utilização de concreto como pavimentação pública.

Quais são as normas para o uso de concreto e suas categorias?

As principais normas que tratam deste segmento foram elaboradas pela ABNT. São elas:

1. NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento

Com uma atualização em vigor desde maio de 2014, é considerada a “norma-mãe” para estruturas simples de concreto, concreto armado e protendido. E traz uma novidade: Agora também discorre sobre o concreto com resistência superior a 50 Mpa (ou pouco mais de 500 kgf/cm²).

Juntam-se a ela a NBR 15823 (Concreto autoadensável), NBR 12655 (Preparo, controle e recebimento de concreto), NBR 6122 (Projeto e execução de fundações), entre outras.

2. NBR 9062 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. 2011

Com foco na produção de estruturas pré-moldadas, procura criar uma espécie de sintonia entre a fase de projeto e a prática, além de conferir segurança, estabilidade, incentivar a experimentação e manter um adequado controle de qualidade. Por isso mesmo, é considerada o alicerce do setor de produção que utiliza esse tipo de estrutura.

3.NBR 12653– “Materiais pozolânicos – Requisitos”. 2012

Os materiais pozolânicos também são alvo das normas relacionadas ao concreto, no sentido de garantir a segurança, resistência, caráter durável, além da consistência do material, a fim de que haja facilidade para o seu manuseio e transporte.

Por isso, normatiza o uso de materiais como a sílica ativa, por exemplo, que atualmente é o pozolânico mais indicado para dar ao concreto essas características.

4. NBR 15200 – Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio

O Comitê Brasileiro de Construção Civil (ABNT/CB-02), no uso das suas atribuições, autorizou a Comissão de Estudos de Estruturas de Concreto Simples, Armado e Protendido a determinar critérios para construções e estruturas de concreto que possam minimizar as consequências resultantes de um incêndio.

5. ABNT/DNIT – Pavimento de concreto

A ABNT também une-se ao DNIT para normatizar os procedimentos relativos à manutenção, ampliação, construção, fiscalização e elaboração de estudos técnicos relacionados ao tráfego de transportes terrestres e aquáticos no país.

6. ABNT – Cimento Portland e Concreto

Convencionou-se chamar de cimento ao Cimento Portland, que é o nome técnico desse material descoberto em 1824, na ilha de Portland, Inglaterra, e que hoje é considerado sinônimo de construção civil.

A associação também trata desse tema, buscando elaborar padrões para a utilização do cimento nos mais diversos segmentos da engenharia civil.

7. Normas estrangeiras

Muitas das normas estrangeiras para o uso de concreto são elaboradas pela ASTM (American Society for Testing and Materials), órgão americano de normatização, fundado há 120 anos, com a missão de ser uma das principais incorporadoras de normas técnicas do mundo.

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A ASTM não só elabora normas para os mais diversos tipos de procedimentos e materiais, como faz consultoria para órgãos internacionais, como a ABNT.

Tem como principal característica ser uma espécie de guardiã da normatização de procedimentos nos Estados Unidos, oferecendo suporte técnico para inúmeros órgãos, como a ABNT e a DNIT, por exemplo.

O que muda com a atualização das normas de concreto?

Falaremos especificamente da NBR 16475 – Painéis de parede de concreto pré-moldado – Requisitos e procedimentos.

Essa norma busca determinar os requisitos e processos necessários para a instalação de painéis pré-moldados de concreto, com o intuito de oferecer mais segurança e qualidade aos projetos de construção civil para paredes com esse material. Foi elaborada, entre outras coisas, para atender a altíssima demanda de materiais e procedimentos resultantes de projetos como o “Minha Casa, Minha Vida”.

Dentre as principais mudanças estabelecidas por essa norma, está a formalização do segmento de “engenharia de montagem”, um setor que ainda não era oficializado por uma norma, mas que sempre exigiu planejamento e técnica para a realização dos seus serviços com eficiência e segurança.

Outra preocupação da comissão foi a de adequar-se à Norma de Desempenho NBR 15575 e ressaltar as diferenças entre um sistema pré-moldado e os sistemas “in loco” que, segundo especialistas, possuem cada um suas tecnologias específicas.

Já a NBR 9062 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, procura, a partir dessa atualização, seguir com mais apuro as determinações da NBR 6118 (também atualizada).

É considerada uma “mega-atualização”, já que modifica alguns princípios básicos que regem o segmento da construção industrializada.

O que a revisão da NBR 9062 muda para o mercado?

O motivo pelo qual a atualização de uma norma se configura como fator de alavancagem de um determinado setor é o fato de que ela estará de acordo com os principais requisitos internacionais e será capaz de competir em iguais condições dentro do segmento específico.

Isso, por si só, já seria motivo suficiente para uma atualização tão profunda, no entanto, os seus efeitos vão além do aumento da competitividade frente ao setor estrangeiro.

Uma normatização do uso do concreto, tal é a sua importância no segmento da construção, é capaz de fazer com que a segurança seja um fator primordial numa obra. Obviamente, quanto maior a preocupação com segurança e com o abastecimento do mercado com informações e conhecimentos técnicos, maiores as chances de negócio.

Trata-se da modernização do segmento, sem a qual é impossível resistir dentro de um mercado tão agressivo e competitivo com o da construção civil.

Quais as grandes características da NBR 16475?

Sem sombra de dúvida, a principal característica da NBR 16475 é determinar um padrão único para a utilização e disseminação dos painéis de concreto na engenharia civil.

Além disso, a norma é responsável por disciplinar o uso do concreto nos Conjuntos Habitacionais (como o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo), cuja tendência é a de que deem cada vez mais preferência a essa técnica.

Outra característica importante é o fato de que haverá mais atenção ao problema do “Colapso Progressivo”, que, resumidamente, se define como uma ruptura total das estruturas de um edifício, iniciada por uma ruptura parcial (colapso progressivo) da mesma.

Por meio de estudos, sugestões e diretrizes, a norma buscará formas mais eficazes e seguras para o combate a esse fenômeno. Por exemplo, ao utilizar valores específicos para os métodos de amarrações dos pré-moldados, com base no know-how conquistado pelos sistemas “EuroCod” e PCI (Estados Unidos), seguindo a Norma de Desempenho com fins habitacionais.

“É importante salientar que o texto ora publicado é o resultado de muitas reuniões e pesquisas elaboradas pela comissão de estudos. Trabalhamos em sua elaboração com reuniões mensais desde novembro de 2012 […], colocando a norma em consulta pública em 2016”. Fez questão de ressaltar o coordenador da Comissão de Estudos de Lajes Alveolares e Painéis Pré-fabricados de Concreto, o engenheiro civil, Augusto G. Pedreira de Freitas, membro da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).

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